As árvores sussurram segredos. O vento carrega lembranças. O inverno traz fome… e fome traz o impensável. Com a 3ª temporada de Yellowjackets batendo à porta, é hora de encarar a pergunta que muita gente se faz: essa história assustadora aconteceu de verdade?

À primeira vista, pode parecer impossível que algo tão macabro tenha raízes no mundo real. A série da Showtime segue duas linhas do tempo: nos anos 90, um time de futebol feminino do colégio sofre um acidente de avião e fica preso em uma floresta remota da América do Norte. Com o inverno implacável se aproximando e a esperança de resgate sumindo como vapor no ar gelado, a sobrevivência exige sacrifícios — e eles vão muito além do que qualquer um imaginava.

No presente, as sobreviventes ainda carregam as cicatrizes daquele pesadelo. Mas há algo mais ali, algo que nunca foi embora. A floresta pode ter ficado no passado, mas o que aconteceu lá ainda vive dentro delas.

Se a segunda temporada deixou fãs atordoados com rituais, revelações sombrias e uma morte chocante, a nova fase promete responder — ou talvez criar ainda mais — perguntas. Mas antes de tudo isso, vamos encarar um fato perturbador: Yellowjackets é inspirado em eventos reais.


O desastre real que inspirou Yellowjackets

Embora a série não seja uma adaptação exata, os criadores confirmaram que a trama se baseia, ainda que livremente, em um dos episódios mais brutais da história da aviação: o Desastre dos Andes, em 1972.

No dia 12 de outubro de 1972, 45 pessoas embarcaram no Voo 571 da Força Aérea Uruguaia, saindo de Montevidéu, Uruguai, com destino a Santiago, no Chile. Entre os passageiros, estava o time amador de rugby Old Christians Club.

Mas a tragédia já os esperava nas alturas. Durante o voo, o avião colidiu com as frias e mortais montanhas dos Andes. Doze pessoas morreram na hora. Outras sucumbiram ao frio e aos ferimentos nos dias seguintes. O que sobrou foi um grupo de sobreviventes presos no topo do mundo, sem comida, sem comunicação e sem esperanças.

Foram 72 dias de horror absoluto. O frio cortava como lâminas, a fome se tornava insuportável e, em determinado momento, a única opção que restava era o inimaginável: alimentar-se dos corpos dos que já haviam partido.

Ao final da provação, apenas 16 sobreviveram. Quando finalmente foram resgatados, a revelação de que haviam recorrido ao canibalismo chocou o mundo.

A história foi contada no livro “Alive: The True Story of the Andes Survivors”, publicado em 1974, e adaptada para o cinema no filme "Alive" (1993), estrelado por Ethan Hawke. Mais recentemente, a tragédia voltou às telas com o filme “A Sociedade da Neve” (2023).

Ashley Lyle, co-criadora de Yellowjackets, revelou à NPR que essas histórias tiveram um impacto direto em sua visão para a série. Mas uma dúvida sempre pairou em sua mente: e se, em vez de um grupo de homens, fossem mulheres?

"Eu pensei: isso vai ficar muito sombrio, mas de uma maneira completamente diferente", disse ela. "Parecia uma história que ainda precisava ser contada."


O paralelo com o caso do Donner Party

Outro episódio sombrio que ecoa nas entrelinhas de Yellowjackets é o caso do Donner Party, um dos eventos mais macabros da história dos Estados Unidos.

Em 1846, cerca de 90 pioneiros partiram do Meio-Oeste em direção à Califórnia, sonhando com um novo começo. Mas o destino tinha outros planos. Eles decidiram pegar um atalho traiçoeiro pelo Grande Bacia, e o inverno os pegou de surpresa nas montanhas da Sierra Nevada.

A neve caiu implacável, soterrando qualquer chance de fuga. Os suprimentos acabaram. A fome tomou conta. No desespero, comer couro e casca de árvore virou rotina. Mas logo, corpos começaram a desaparecer.

Quando o resgate chegou, meses depois, dos 90 viajantes, apenas 48 ainda estavam vivos. Relatos afirmam que não só se alimentaram dos mortos, mas assassinaram dois guias indígenas para servirem de comida.

Esse evento trágico se tornou um dos maiores estudos sobre os limites da moralidade humana. Quando a fome fala mais alto, o que realmente nos separa das feras?

Para Lyle e Bart Nickerson, co-criadores da série, Yellowjackets não é apenas uma história de sobrevivência, mas uma exploração profunda da natureza feroz das amizades femininas.

"Nosso objetivo era dissecar essa profundidade emocional das relações femininas, que muitas vezes pode ser tão feroz quanto qualquer luta por sobrevivência", explicaram ao Forbes.


O que vem por aí?

A 3ª temporada de Yellowjackets estreia no dia 14 de fevereiro de 2025, no Paramount+ com Showtime. Até lá, os fãs podem mergulhar nas teorias, revisitar o elenco e se perder na trilha sonora arrepiante da segunda temporada.

Mas uma coisa é certa: a selva nunca realmente nos abandona.

Fonte: Dexerto

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